
A Amazon deixou de hospedar o WikiLeaks após receber pedidos do Comitê de Segurança e Assuntos Governamentais do Senado dos EUA, presidido por Joe Lieberman, o que fez com que o site ficasse fora de serviço na maior parte do dia antes de retornar a seu provedor sueco Bahnhof.
A página do WikiLeaks foi vítima de ataques sistemáticos desde que no domingo, 28, começou a divulgar documentos diplomáticos confidenciais americanos, que deixaram a política externa do país em péssima situação.
A organização pediu nesta quinta-feira a seus seguidores no Facebook que boicotem a Amazon mediante uma foto na rede social do senador Lieberman: "Boicotem a Amazon por ajudar Liberman a censurar o WikiLeaks", diz um texto sobre a fotografia.
O senador por Connecticut disse nesta quarta-feira, 1º, em comunicado que "nenhuma companhia responsável" dentro ou fora dos EUA deveria ajudar a Amazon a "disseminar material roubado" e anunciou que pediria explicações à empresa americana sobre o assunto.
Comentários como esses dispararam os alarmes do grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights First, que pediu nesta quinta-feira ao executivo-chefe da Amazon, Jeff Bezos, que explique os motivos de sua decisão e compartilhe com o público dos EUA quais partes do Governo americano pressionaram a empresa.
"A decisão da Amazon de deixar de hospedar o WikiLeaks em seus servidores gera sérias preocupações sobre a liberdade na Internet", assinalou nesta quinta-feira a organização em carta dirigida a Bezos.
O grupo insistiu que decisões de companhias como a Amazon determinarão se a internet do futuro cumpre com sua promessa de oferecer uma maior liberdade aos cidadãos para se expressar e organizar, ou, pelo contrário, se transforma em uma ferramenta que pode controlar os Governos.
A medida propiciou vários tipos de comentários na Rede: "Agora a Amazon presta contas a um senador?", se perguntava Amy Davidson na revista The New Yorker.
"Lieberman acha que ele, ou qualquer outro senador, pode pedir à companhia que administra a fábrica que imprime o New Yorker, quando for publicar uma história que inclui material confidencial, para interromper as impressões?", acrescentava Amy.
O blog nova-iorquino Gawker fez comentários similares em artigo intitulado: "Amazon.com desaloja WikiLeaks, quem será o próximo?".
A imprensa americana reproduziu, nesta quinta-feira, a fotografia de um bunker sueco da Guerra Fria que hospeda o WikiLeaks e que parece tirado de um filme de James Bond.
A empresa Bahnhof acolhe o WikiLeaks literalmente em uma caverna dentro da Montanha Branca, perto de Estocolmo (Suécia), segundo meios como Forbes e o sueco VG Nett.
A revista Forbes menciona que o lugar de armazenamento está 30 metros embaixo da terra dentro de um bunker com uma grossa porta metálica para acesso e geradores de emergência que provêm de submarinos alemães.
A atenção da imprensa segue centrada no fundador do WikiLeaks, Julian Assange, sobre o qual pesa uma ordem de prisão internacional, e quem, segundo o jornal britânico The Independent, se encontra escondido no Reino Unido.
O cerco contra Assange, um cidadão de origem australiana de 39 anos que vive se mudando, se estreitou depois que a Corte Suprema da Suécia rejeitou o recurso de seus advogados para a ordem de prisão ditada contra ele por supostos crimes sexuais.
Personagem polêmico e carismático, Assange é um dos favoritos ao título de "Pessoa do Ano" da revista Time.
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