Ao ser criada, a área de testes era dividida em setores. Não há lógica nos números que designam as várias áreas. Mas a Área 51 foi o nome dado à região mais a noroeste que inclui o lago seco Groom (espaço aéreo R-4808 N). Há, por exemplo, Área 8, Área 19, Área 2, Área 12 – sem quaisquer lógicas aparentes nos números que as designam. E nos anos 50, a Área 51 era um trecho deserto da área de testes.
Kelly Johnson é um dos melhores engenheiros aeronáuticos da história dos Estados Unidos. Ele comandava um departamento secreto chamado de “Skunk Works” na empresa da Lockheed – o maior fabricante de aviões para a Força Aérea Americana. Johnson e sua equipe tinham fama de construir aviões novos de forma rápida, barata e discreta. Por esse motivo, o governo norte-americano recorreu a ele, em meados de 1954. Em plena Guerra Fria, os EUA precisavam de uma arma secreta de espionagem eficaz.
A CIA fez um apelo dramático para Kelly Johnson: queriam um avião para sobrevoar a União Soviética, pois era crucial descobrir o que os soviéticos tinham de bombardeiros, mísseis e armas nucleares. Vale ressaltar que estamos falando de uma época em que não existiam satélites espiões.
A resposta de Johnson e sua equipe foi o jato U2 – um avião de grande autonomia e capaz de voar até a 21.000 quilômetros de altitude e, conseqüentemente, fora do alcance do radar. O trabalho começou no segundo semestre de 1954 e, oito meses depois, o novo avião estava pronto para os testes.
Até aquele momento, todos os testes com aviões eram realizados na base de Edwards. No entanto, como o U2 era um projeto altamente secreto para invadir o espaço aéreo soviético, resolveram que seria necessário encontrar um lugar mais oculto e remoto. E eis que decidiram pelo lago seco Groom, em Nevada – o local onde era despejado lixo tóxico há pelo menos quatro anos e também, conforme já foi mencionado, foi palco de uma detonação de um dispositivo nuclear, em 1951. Era um local vazio, cercado de montanhas e, como foi usado para testes nucleares, ninguém se aventurava ir para lá.
O governo americano construiu rapidamente aquelas instalações que hoje conhecemos como a famosa Área 51 – no leito do lago seco Groom. Em julho de 1955, o primeiro protótipo do U2 é levado para lá. Três semanas depois, o primeiro escândalo público: um homem que se dizia trabalhar numa tal de Área 51 afirmou, num jornal de Las Vegas, que lá era uma base secreta, no meio do deserto de Nevada, e que tinha um ambiente muito opressor e psicologicamente insuportável. E pela primeira vez há a negativa oficial: o Pentágono respondeu no mesmo jornal, por nota oficial, que não existe a Área 51 e, conseqüentemente, todas as denúncias eram inválidas.
Em agosto de 1955, duas semanas depois do primeiro vôo de missão do U2, o presidente Dwinght D. Eisenhower assinou um decreto executivo proibindo quaisquer vôos no espaço aéreo R-4808 N – justamente sobre o lago Groom. Um outro decreto de 1958 tornava oficialmente não existente uma área de 154 quilômetros quadrados em volta do lago Groom. Apesar de toda essa segurança, os soviéticos descobriram o programa envolvendo o U2. Em 01 de maio de 1960, o U2 pilotado por Francis Gary foi derrubado no território soviético.
Mas logo o U2 iria se tornar obsoleto. A CIA tinha projetado um outro avião substituto que voava mais alto e era mais rápido – a ponto de ser quase impossível detectá-lo no radar.
Em 15 de janeiro de 1962, a USAF solicitou que o espaço aéreo restrito sobre o lago Groom fosse quadruplicado. E três meses depois, o avião A12 fez seu primeiro teste de vôo. Mas o A12 não ficou em segredo por muito tempo… No ano eleitoral de 1964, o presidente Johnson, querendo mostrar ao povo americano que era um governante transparente e que não manteria segredos, contou sobre a existência dos A12. No entanto, convocou a imprensa para vê-los num hangar da base de Edwards, ao invés da Área 51.
Mas um substituto já estava a caminho: SR-71. E quando os SRs começaram a voar, a Área 51 foi bastante ampliada com novos hangares e tanques de combustível. E a segurança foi aumentando… nenhum mapa oficial constava as instalações do lago Groom e, muito menos, havia algum banco de dados disponível.
Em 1967, a ordem interna de todos os escritórios de inteligência era de negação total sobre a Área 51. E foi justamente nesse ano que os americanos capturaram o primeiro MIG-17 soviético intacto, o qual foi direto para a Área 51. Os anos seguintes, mais MIGs e outros aviões capturados foram levados também para a base do lago Groom.
Já em 1968, o sigilo absoluto sobre a Área 51 se concretizou com a criação dos “Black Projects”. Isso significa que a União não tinha mais que expor dados e detalhes aos congressistas sobre parte do orçamento militar anual destinada aos “Black Projects”, por ser uma necessidade de sigilo absoluto para a segurança nacional. Se bem que já escondiam muita coisa dos congressistas mesmo, mas agora os militares estavam amparados legalmente para obter recursos financeiros sem darem maiores explicações sobre os projetos a que se destinam e, principalmente, sem necessitarem realizar desvios “por baixo dos panos” de recursos nos balancetes como faziam antes…
Em suma, o que sustenta a Área 51 é uma bolsa de impostos sem quaisquer controles administrativos e burocráticos conhecido como “orçamento negro”. O valor chega a ser de 30 bilhões de dólares. Outro detalhe muito importante para a ufologia é que se especula que apenas 1/3 do orçamento negro vai para os projetos e os 2/3 restantes, por sua vez, são destinados em serviços de manutenção do sigilo absoluto. Ou seja: proteger a verdade, plantar desinformação para curiosos e espiões de outros países, criar sistemas de segurança no perímetro externo, transporte de material para a instalação que fica no meio do “nada” no deserto de Nevada, etc…
Com tudo isso, ficou quase impossível descobrir o que realmente estava acontecendo lá a partir de 1968. Pelo tamanho dos recursos que a Área 51 consome anualmente, no lançamento da conta “Black Projects” do balanço do governo americano, muitos projetos de tecnologia bélica podem estar sendo desenvolvidos simultaneamente. O que se sabe com certeza é que, no final da década de 70 e início dos anos 80, foi testado uma nova tecnologia chamada Stealth (invisibilidade ao radar). E isso, certamente, é só um pequeno exemplo do que acontece lá.
Em 1989, um metalúrgico da Área 51 chamado Robert Frost padecia de uma estranha doença. Sua pele se soltava e ele precisava se limpar com uma toalha molhada a cada hora – parecia escamas de peixe. Segundo sua viúva, ele sentia o rosto queimar, os olhos ardiam e ele corria pela casa até o banheiro, onde jogava água no rosto e dizia não agüentar mais tanta dor.
E muitos funcionários da Área 51 desenvolveram uma pele escamosa no corpo todo, com fissuras e sangramentos. Robert Frost era o pior. Quando ele morreu, todos da base ficaram apavorados. Muitos deles recorreram a médicos particulares que informaram que eles estavam intoxicados e, ainda, o tratamento só era possível se o agente venenoso fosse identificado. Mas o governo americano se recusava a divulgar o resultado da autópsia de Robert Frost. Ou seja: o governo não podia fazer nada porque eles oficialmente sequer existiam…
Diante de tudo isso, vários funcionários doentes da Área 51 contrataram advogados para processar a USAF (Força Aérea Americana). Detalhe: nenhum deles queria dinheiro ou retratação, mas apenas saberem o que matou Frost e, principalmente, se eles foram expostos aos mesmos agentes tóxicos.
Os advogados descobriram o óbvio: a Área 51 não era apenas a base mais secreta do mundo, mas também o maior depósito de lixo tóxico dos Estados Unidos. O governo americano queimava lixo tóxico lá, em buracos do tamanho de campos de futebol, as quais se enchiam com tambores de 200 litros de lixo, envolviam em combustível para, finalmente, atear fogo com tochas.
Só que existe um motivo para ser proibido a queima de lixo tóxico: como fumaça, os agentes tóxicos penetram mais facilmente na pele e no corpo humano. E sem quaisquer cuidados, os militares chegaram a cavar valas no lado contrário ao vento – medida estúpida que fazia com que parte da fumaça se espalhasse por toda a base, invadindo hangares. Sendo a Área 51 um lugar altamente secreto, as leis ambientais não chegavam lá…
Se você está se perguntando como a situação de Robert Frost não virou um escândalo público, uma vez que o governo americano está matando sua gente com intoxicação de lixo tóxico desconhecido, a resposta pode não agrada-lo enquanto ufólogo: justamente em 1989, numa sincronicidade incrível e altamente suspeita, a imprensa estava com a atenção voltada para outro Robert, que promovia uma quase histeria pública com um outro assunto sobre a Área 51. Esse outro Robert falava de discos voadores e Ets na Área 51. Esse outro Robert ficou conhecido como Bob Lazar!
Só um detalhe: Em 1995 houve o primeiro dia de julgamento. O processo obrigou o governo dos EUA a admitir que a Área 51 existia, mas o 9º Tribunal alegou que os trabalhadores e as viúvas – sim, viúvas, pois houve um segundo óbito nesse processo – não tinham o direito de saber que substâncias tóxicas faziam parte do lixo tóxico que foram expostos. Essa decisão judicial se baseou numa resolução que, coincidentemente, o presidente Clinton havia assinado. Segundo a resolução, a base do lago Groom estava isenta das leis ambientais.
Mas e a questão UFO relacionada com a Área 51? Infelizmente, tudo indica que os UFOs foram usados como “cortina de fumaça”. É muito estranho e grotesco que os americanos deixaram todo mundo saber onde supostamente esconderiam seus maiores segredos. E o que é pior: que promove showzinhos noturnos para reforçar a idéia. Só falta colocar um outdoor com letreiros em néon sobre os picos das montanhas que cercam a Área 51: AQUI SE TESTA DISCOS VOADORES ALIENÍGENAS. NÃO PERCAM, É TODA QUARTA-FEIRA À NOITE! É sempre bom lembrar que os Estados Unidos são experts em dissimulação. Se os EUA têm UFOs e Ets, certamente não estão na Área 51, mas em algum lugar que sequer imaginamos!
As pessoas entendem como “acobertamente ufológico” as operações realizadas para esconder fatos ligados ao fenômeno UFO. No entanto, há um outro nível de acobertamento muito pouco entendido e percebido: utilizar os UFOs para esconder operações ilegais ou sigilosas. Culpe os “ets” e nenhum tribunal do mundo conseguirá intimar um extraterrestre para depor, o que faz dele um ótimo álibi para encobrir operações escusas e/ou secretas.
sábado, 9 de maio de 2009
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